Primeiramente quero deixar claro que não estou defendendo que o anime seja ótimo, mas apenas não concordo com alguns dos argumentos dele.
1- Incoerência dos namorados por não se conhecerem profundamente.
Não consigo ver problemas nisso, porque o namoro é exatamente a fase de se descobrirem, de se constrangerem, de se envergonharem, a própria definição de namoro é se conhecerem. Também não me recordo do anime dizer com exatidão o tempo que o casal havia começado a namorar, apenas dá indícios com lembranças do passado que é um relacionamento relativamente recente, o que oferece mais justificativa de não saberem muito um sobre o outro. Outro ponto é que é um namoro de pré-adolescente japoneses inocentes, é natural esperar que se sintam envergonhados, corados, tímidos, pegar nas mãos para os japoneses dentro de um namoro já é uma grande coisa. Por fim existem muitos casais que mesmo tendo muito tempo juntos ainda assim não conhecem tudo um sobre o outro.
Outra coisa, é preciso ver a pretensão do autor e a que público para o qual a proposta está sendo direcionada, depois não existe uma regra dizendo o que deve e o que não deve ser mostrado de romance para funcionar bem. No mais, o Alexandre tem chiliques só de ver um desenho com uma garota de biquini (Sono Bisque Doll), então melhor mesmo que não tenham avançado mais. O canal Omeleteve precisa contratar uma consultoria urgente, estão ficando para trás.
2- A piada do garoto azarado e da garota super forte.
Se fosse o contrário, um garoto super forte protegendo uma garota azarada alguém riria? Não funciona dessa forma do garoto protetor em incontáveis outros animes? Eu não discordo quando o Alexandre diz que a piada não funcionou nesse ponto, eu discordo que em algum momento o anime tenha focado em fazer disso uma grande piada, uma “piada principal”. O teor cômico de uma paródia seria pela própria inversão de gêneros e com algum grau satírico, mas não é isso que ocorre nesse anime. Há uma seriedade nessa inversão, a comédia não é pela a inversão, e sim por coisas que vão aparecendo em decorrência dela. No mais a proteção dada a um parceiro gera uma meiguice que é um sinal típico de qualquer romance, logo a pretensão maior é ser romântico e não cômico.
Outra, tem um valor que pessoalmente não compartilho, mas que entendo que é um valor ideológico ao fazer uma completa inversão de papeis de gêneros (fogo amigo do Alê). Consequentemente ganha pontos pelo alto grau de inversão que foi gerado sendo incomum, uma desconstrução literária.
Fazendo um adendo, não concordo com o argumento disso ser o foco principal uma piada, mas houve um erro de dosagem de forças dos personagens de forma intencional ou não intencional, que talvez possa ser interpretado como uma tentativa de gerar certo alivio cômico. No mangá é menos exagerado o poder da protagonista que pode ter sido aumentado para acentuar a mensagem progressista do anime, ou simplesmente para mostrar algo mais grandioso, exemplo: a cena da “tábua” caindo. Na minha ótica existe de fato um problema nos exageros, mas por motivos relativamente diferentes. Não é porque a piada não tenha funcionado, contudo pelas situações serem muito exageradas, até para dentro da construção do próprio mundo que o anime criou, fazendo parecer inverossímil, incoerente.
3- Anime totalmente fora de tom.
Não discordo em dizer que o anime é muito açucarado e cheio de purpurina, também não vou inferir um juízo de valor sobre isso. Agora daí dizer que é só vergonhoso, isso não diria, tem gente que gosta de algo muito doce e não tem problema nenhum nisso, pois pode funcionar com o público alvo e ou dentro da proposta. Em resumo foi totalmente preconceituosa e infeliz essa frase do Alê.
Não discordo que desafinam o tom, o que discordo é que a causa de falta de tom seja no açucarado demais ou no erro do time cômico. A falta do tom está em problemas de incorrência já tratados e no ambiente para ser situada essa sua problemática não ser maduro o suficiente, pois acentua mais a inverosimilhança. Se tivessem dado a maturidade e a seriedade que mostraram nas propagandas desse anime teria sido uma experiência inigualavelmente melhor.
4- Propósito da série não é dizer nada.
Uma obra que não tenha um propósito, que não tenha um tema, que não tenha uma mensagem, que não tenha algo a dizer, é uma coisa tão desconcatenada que tenho a dificuldade de se quer imaginar um texto desses, é algo que talvez só se espere de uma criança nos primórdios da infância. Realmente eu não entendo como alguém pode ser tão inocente em achar que exista isso nesse amime. Dito isso, posso dizer que o tema não é claro, que não é bem trabalhado, que não me agrada, mas não que a obra não tenha tema, isso seria uma falta de capacidade minha de interpretação.
Essa prosposta não é para machos lacradores, fica bem claro pela a principal protagonista ser uma mulher que é um romance voltado para o público jovem feminino e para pessoas de mente aberta, com uma mensagem de força, de buscar o que se quer e de empoderamento moderno. Quando avaliam de forma subjetiva sem se colocarem como público alvo ficam a mercê de falarem besteiras. Observação: Não estou defendendo lugar de fala, mas que é preciso deixarmos de sermos etnocêntrico e avaliarmos com mais objetividade.
5- Não é orgânico, não é natural.
Eu concordo que possa não parecer natural pelos problemas de tom, pelos exageros que já falei, pelo ambiente colegial saturado com coisas improvaveis e sem graça não ser a melhor escolha. Agora as expressões trejeitosas, não vou dizer que não possam ter ajudado o anime a parecer menos orgânico, talvez por excessos, talvez por uma melhor falta de time, mas esse seria o menor dos menores dos possíveis problemas. Esses trejeitos são técnicas consagradas que tem em quase todo anime, não é ter ou não ter essas coisas que vai simplesmente fazer algo ser inorgânico.
6- Namoro infantil.
Existe uma diferença entre ser inocente e entre ser tímido com problemas de se relacionar por vários motivos como um trauma do ex-namorado ter morrido. Mais outra, uma inexperiência não é inocência. Comparar um anime com personagens adultos e com uma proposta senien que é Yesterday wo Utatte, como um exemplo de inocência máxima que um anime com personagens pré-adolescentes feitos para garotas adolescentes pode ter. Isso é tão fora da realidade que me deixa sem palavra para expressar o quanto é descabida essa comparação. Ainda mais que Yesterday wo Utatte é bem mal avaliado como romance (score 6.89) e tem um terrível final. Até Shikimori-san é mais bem avaliado do que Yesterday e mais popular. Como Alexandre não sabe como tem público para esse tipo de obra? Grande exemplo para ficar bem explicativo de como fazer um romance!
Em relação a outra comparação que é Kaguya-Sama, veja que esse não tenta focar na inocência e tirando uma ou outra piada que faz é exatamente o contrário. O que Kaguya trabalha é outra proposta que é a do orgulho, da rivalidade, da conquista, da inteligência. Não se pode comparar coisas com propostas diferentes como se fossem iguais. Em Shikimori-san é trabalhado a inocência, com as barreiras por conta de tabus ou visões idealizadas, a falta de experiencia, as burrices da idade que todo mundo comete nessa fase tão jovem, as reações tão exageradas ultra comuns nessa fase da vida. Sendo bem honesto, nesta questão de romance as coisas que acontecem em Kaguya são bem menos naturais do que as que acontecem em Shikimori-san, e mais uma vez ressaltando para a idade dos personagens. Entretanto, eu entendo que o público prefira ver mais aquilo que gostaria ter feito do que os erros que cometeu, logo não é questão de ser infantil ou orgânico, mas de ser ou não interessante. Novamente erra na causa.
7 – Produção mal feita.
Eu fico me perguntando o tipo de produção que o Alexandre exige de um anime com uma proposta tão simples. Será que ter uma animação qualidade Ufotable é tão essencial nesse tipo de proposta e traria uma enorme mudança? Convenhamos que não é uma anime de ação que precisasse de muitos efeitos e fluidez.
Produção é um termo muito abrangente que envolve praticamente tudo de uma animação, mas focando mais na parte visual que geralmente é o que as pessoas querem falar e é no que Alexandre toca. Os designs de personagens são muito bonitos, com enorme destaque para a técnica de efeitos que deram nos cabelos. Os designs também são consistentes, não tem erros de designs, não há uma computação gráfica destoante. Então qual é o ponto que o Alexandre levanta? Falta de originalidade? Isso não caracteriza uma produção ruim. O quão original se esperava de traços que não são cartunesco com uma proposta de adolescentes japoneses em um ginásio colegial? Digo mais, para a proposta esse é um ponto forte do anime e de todos os argumentos foi o pior que o Alexandre usou.
Conclusão:
O anime tem problemas, é maçante, tem muitos clichês, tem falta de clareza no tema, não explora com suficiência a profundidade das problemáticas, não oferece maiores dificuldades e falta mais história com explicações sobre origens. Definitivamente não é um anime que eu morra de amores e que eu recomende. Dito isso tem qualidades: tem momentos fofos sigilosos que prendem atenção; o time cômico não é perfeito, mas rende alguns bons momentos; os personagens são a parte mais forte, diria que foi uma obra que fizeram os personagens e esqueceram da história, principalmente a Shikimori que é ótima e muito carismática; e adoro os designs de personagens com seus lindos cabelos. Por fim é um moe, mas não é como aqueles que o Alê adora com criancinhas parecendo ter menos de nove anos e isso para mim é a melhor parte de tudo.
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Ayanokouji no light novel: Deus
Resposta ao vídeo do Alexandre: